quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Preço da Ética

Quanto vale o bem da humanidade? Até quando o sacrifício de alguns vale o bem comum?

Quando cientistas fazem testes de vacinas ou qualquer outra coisa em humanos e esses testes não dão certo, eles raramente ou nunca são punidos, pois os pacientes estavam cientes do risco. Porém isso não torna os dados da pesquisa uteis, ao contrario, eles podem revisar o que falhou nos primeiros testes. Isso também não impede que esses dados sejam usados em pesquisas posteriores.

Em contrapartida há uma grande barreira para usar pesquisas obtidas com métodos não éticos, a exemplo da utilização de pesquisas realizadas sobre supervisão nazista sobre a hipotermia (únicas no ramo tão detalhadas) alegando-se que por terem sido obtidas de forma tão desumana devem ser esquecidas e apagadas da historia.

Então uma pergunta: Até onde a ética atual pode desprezar resultados e dados científicos obtidos de maneira inconcebível mas que podem ajudar a população mundial?

Ao levantar essa questão inevitavelmente surge outra: É justo usar do sofrimento passado e alheio para evitar o sofrimento atual?

O que você faria? Como agiria? Você aceita a utilização de dados de pesquisas obtidas com métodos desumanos para tratar doenças como câncer, hipotermia, intoxicações e viroses?

Esse texto não faz apologia ou incentiva nenhum método de tortura ou similar nem apoio os atos cometidos por membros do regime nazista. Somente quero debater o valor da ética de modo a entender o porquê de não se usar estudos relevantes para o bem comum. Então o ponto forte do texto serão os comentários, façam-nos de maneira coerente e respeitosa uma vez que esse assunto ainda causa grande impacto e polêmica na sociedade mesmo depois de tantos anos.

3 comentários:

  1. Eu acho um completo desperdício desprezar uma pesquisa só por causa dos métodos utilizados para fazê-la. Agora que foi feito, não há o que lamentar.

    O triste é, agora, com nossos conceitos éticos, torturar alguém para poder estudar seu comportamento se exposto a determinada situação. Mesmo que essa pessoa já seja condenada a morte. Ninguém deve ser exposto a um sofrimento de morte, só para saber até onde seu corpo aguenta. Isso é crueldade.

    Ética é algo necessário, porém, nos impede de expressar exatamente o que somos, de experimentar o que temos curiosidade, de demonstrar coisas que dependeriam de uma situação crítica para ser executadas.

    Não acho que seja justo incitar alguém a passar pela dor para poder estudá-la. Eu creio que é mais viável estudar alguém que esteja passando por aquela dor, estudar seu caso e esperar os próximos, se empenhar para procurar outros casos, para então desenvolver um estudo sobre isso. Jamais infligir.

    Isso não quer dizer que não apoie a ética, mas acho ela extremista demais. Há coisas que não afligiriam dor a ninguém, mas, pelo contrário, poderiam ajudar posteriormente, como é o caso da clonagem, por exemplo.
    É ridículo barrar esse tipo de estudo.
    Ainda não conheço um argumento que fará com que minha opinião seja derrubada.

    Enfim, o fato é que os estudos devem ser incentivados, mas sem que alguém seja exposto a situações extremas e os estudos, mesmo que não tenham respeitado isso à época, tem informações bem vindas.

    ResponderExcluir
  2. Os dados devem sim ser estudados, independente do meio com que foram obtidos. A utilização (ou não) destes não afetará de forma alguma os fatos já enraizados na história. A utilização destes dados nada mais fará do que tirar algum proveito de alguma situação que inutilmente querem jogar no esquecimento, uma solução que eu considero mais válida pois mostra a capacidade das pessoas de superar.

    Agora sobre a ética vai algo meio controverso:

    Quanto a ética, imagino que seja algo que foi criada a partir do narcisismo e individualismo humano, que tenta se destacar da natureza usando como desculpas a ética, moral, mente, etc para não admitir que todos os seus atos são projeções mal entendidas do instinto animal que move quase todas as decisões do ser humano.

    ResponderExcluir
  3. Segunda a Gi, ética é indispensável, contudo força condutas, atos, omissões e restrições.
    Segundo o João, é fruto podre vindo do ser humano num momento de individualismo tentado ludibriar seus instintos naturais malévolos.
    Temos a polemica que eu procurava!
    Afinal a ética é boa ou não? O mal está enraizado no ser humano de modo a ele ter que se restringir até de pensar e agir para não machucar o próximo? Ou será que machucar o próximo é um dever do ser humano e por isso está dentro de nós? Manter o bem do próximo é realmente necessário, ou faz-se necessário porque vivemos em grupos grandes demais onde ninguém conhece ninguém o que gera intrigas?
    Se olharmos a historia não encontraremos guerras ou conflitos na época nômade da civilização humana, assim que nos tornamos sedentários começamos a guerrear. Seria a ética resultado do sedentarismo?
    Pensando bem, o que a ética realmente nos garante?

    ResponderExcluir