segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O inferno são os outros

Pense você: de que interessa a opinião alheia? Ela o deixa mal, o faz ter vontade de mudar, o faz paranóico a ponto de ficar buscando dentro de si o que deveria mudar para deixar de desagradar.
Pense bem: as pessoas que gostam mesmo de você o aceitam tal como é. Deve mesmo se incomodar com a opinião de desconhecidos?

Claro que as pessoas que nos amam, ou seja, que, independente do que somos, nos aceita, podem nos sugerir condutas. Sim. Elas tem o direito de opinar, do tipo: eu não gosto de determinado traço de sua conduta, o considero ofensivo. Será que não seria conveniente mudá-lo? Apresentando argumentos convincentes, pode ser que se torne uma ideia válida.
Contudo, obvio será que se uma pessoa 'de fora' aparecer e simplesmente jogar você é muito blablablá, pare de ser assim, dessa maneira 'do nada', sem justificativa nem nada, então vale refletir minimamente e se, e somente se, achar MUITO conveniente, muito válido, muito presente na sua personalidade, então mudar. Porém, sempre será mais válida a opinião de alguém que o conhece, sabe realmente se aquilo é seu jeito.

O caso, na verdade, é o quanto a opinião de pessoas que não nos conhecem influencia no nosso comportamento. Esse é o ponto.
Tem me incomodado muito saber que o social me condena por uma escolha que eu faço, por algo que faz parte da minha personalidade, por uma orientação sobre determinado assunto. Ocorre muitas vezes que as pessoas, que conviviam muito bem com você, depois de descobrir determinada conduta, opção, estilo de vida ou o que quer que seja, passam a tratá-lo diferente.
Será que isso que descobriram é tão dominante em você (embora até então não tenha incomodado ninguém) que as pessoas deixaram de tratá-lo como sempre trataram devido a isso? Será que um conhecimento supostamente fútil é tão relevante a ponto de incomodar tanto as pessoas?

Outro ponto que concordo é que podemos 'ser' pessoas diferentes em cada ambiente. Cada ambiente condiz com uma situação e exige uma conduta. Você não é o mesmo no trabalho, na faculdade, em casa, em eventos sociais. Em cada situação você tem um tipo de abertura, portanto, pode se portar de maneira diferente. Esse é um fator que impede que as pessoas o conheçam de verdade.

O que pode ser pior que tudo isso é que as pessoas nos criticam pelas costas. As opiniões mais sinceras raramente são dadas na nossa frente. As pessoas deixaram de prezar a sinceridade. Mas tudo bem, porque a maior parte dessas críticas não devem ser mesmo construtivas. Ou não, mas como saber, já que as pessoas que tanto incomodamos não sabem sequer ser sinceras?

Mas por que será que nós bitolamos tanto nessas coisas do social? Por que é que ficamos à espreita para saber o que acham de nós? É mesmo importante ser socialmente aceitável? Será que você tem mesmo que tentar agradar pessoas que nem são tão importantes para a sua vida?
O melhor não será ser você mesmo?
 
Pois é. Uma importante questão a ponderar. Será que o inferno não são os outros que fazem conosco?
Será que não somos a paz e eles que não sabem simplesmente conviver com alguém sem tentar moldar a sua maneira? Será tudo isso arrogância nossa, será que não queremos só ser 'os donos da verdade' sobre nós mesmos? E será que não somos mesmo os donos da nossa verdade?

Você tem vários 'eus'. Variamos conforme o ambiente.
Ninguém melhor que você mesmo para avaliar o que é bom ou ruim para você. Críticas devem ser bem vindas, mas a decisão de mudar é só sua.
Só você pode saber o quanto 'os outros' são importantes para você. O quanto agradá-los é necessário.

A minha opinião é a seguinte:
Simplesmente viva. Deixe os outros pra lá e, se for o caso, uma hora a verdade aparece. Uma hora você aparece.
E uma hora os outros saberão quem você é, com todas as suas qualidades e seus defeitos.